“A grandeza existe no imperceptível e nos detalhes negligenciados. Wabi Sabi representa o exato oposto da beleza percebido como algo monumental, espetacular e duradouro. Ele é sobre o secundário, o escondido, a tentativa e o transitório, coisas tão sutis e instáveis que são invisíveis aos olhos medíocres” (Wabi Sabi: para artistas, designers, poetas e filósofos)
Tem como marca a aceitação da transitoriedade, da impermanência e da imperfeição. Este encontro com a filosofia Wabi Sabi me afetou sobremaneira por ter trazido luz a uma série de questões que há muito tempo procurava compreender. São questões relacionadas à maneira de me relacionar com os lugares, com as coisas e com as pessoas.
Alguns lugares como os cemitérios antigos e as ruinas sempre me atraíram pela marca da força da ação do tempo além de me proporcionarem uma sensação de serenidade. Também minha casa está repleta de objetos ligados à minha história e a de minha família que carregam na aparência, as marcas causadas pela passagem do tempo. Sempre me questionei sobre estas presenças tão fortes desde minha infância. Nunca tinha ouvido falar nesta filosofia, mas hoje sei que ela sempre esteve presente.
Ao assumir recentemente, com serenidade, minha imperfeição e a do mundo; a impermanência minha e a do mundo, passei a adotar um estilo de vida marcado pela valorização das marcas deixadas ao longo do tempo nas coisas e em mim. Dou valor às insignificâncias como diz Manoel de Barros. Vejo beleza nos arranhões, nas rachaduras, nos testemunhos do tempo sobre a parede ou sobre os móveis; nas cicatrizes e nas rugas que marcam minha expressão. Tudo isso me diz do tempo que passou. Gosto do silêncio, da pausa necessária para ver e sentir cada uma dessas marcas.
Esta é minha postura diante das coisas e penso que tudo isso, de alguma maneira, interfere na minha relação com os lugares. É meu mundo interno em interação com o mundo externo...
E, atrelado a tudo isso, está a fotografia que faço, pois estou nela e ela está em mim. É por meio dela que digo desse meu jeito de ser, olhar, sentir e pensar o mundo...